Kenny Ortega: “Ensinei o Michael Jackson a ficar quieto, os passos dele eram mais famosos do que os meus”


Coreografou ainda Madonna e filmes como “Dança Comigo” e “High School Musical”. O mais recente projeto, “Os Descendentes 2”, estreou outubro, no Disney Channel.

Ainda mal sabia andar ou falar quando na sala de estar, na Califórnia, via filmes de Gene Kelly e ficava hipnotizado. Acabaria por trabalhar com ele anos mais tarde, em “Xanadu” (1980), porque queria ser ator. Contudo, seria a dança que acabaria por prender Kenny Ortega e foi como coreógrafo que se tornou conhecido.

Criou os passos para “Material Girl”, de Madonna, fez várias tournées com Michael Jackson — foi das últimas pessoas a estar com o cantor antes da morte repentina a 25 de junho de 2009 — e são dele as cenas mais icónicas de “Dança Comigo”.

Acumulou a função com a realização e dirigiu os vários volumes de “High School Musical”. Em 2015 começou uma nova saga, “Os Descendentes”, sobre os filhos de vilões derrotados.

A sequela, “Os Descendentes 2”, estreia este sábado, 7 de outubro, em Portugal — a partir das 11 horas no Disney Channel — e a NiT falou com o realizador e coreógrafo, ao telefone, sobre o projeto e o resto da sua carreira. Leia a entrevista.

Quando pensa nas filmagens de “Os Descendentes 2”, qual é aquele momento mais marcante que lhe vem logo à cabeça?
Não consigo escolher um, tenho mesmo de dizer o elenco, os miúdos. Em geral, os jovens estão mais disponíveis para aprender, fazem tudo com uma alegria incrível. Estão sempre à procura de ideias, de parceiros.

Está pronto para fazer mais um filme?
Quero que este exceda as expectativas e, depois, talvez nos peçam para fazer o terceiro.

A paixão pela dança começou ao ver os seus pais dançar, certo?
A minha mãe e o meu pai adoravam dançar salsa e mambo. A minha mãe punha os discos a tocar e eles dançavam, riam, era muito bonito. A minha avó dançava flamenco enquanto cozinhava, imagine.

Com Patrick Swayze lesionado em “Dança Comigo”, ofereceu-se para mudar os passos. O ator não quis

Soube logo aí que era neste meio que queria trabalhar?
Na verdade, eu comecei por querer ser ator. Vi o “West Side Story [Amor Sem Barreiras]” quando tinha 13 anos e o filme mudou a minha vida. No início fiz muitos musicais no teatro e achei que a minha carreira ia ser isso. Trabalhei com inúmeros coreógrafos e depois juntei-me a uma banda de rock n’ roll de São Francisco, The Tubes. Era um grupo muito inovador, no início dos anos 70 tínhamos dança incorporada nas atuações. Estive com eles durante dez anos e viajámos pelo mundo todo.

Depois trabalhou em inúmeros vários midiáticos mas um deles, “Dança Comigo”, começou por ser exatamente o oposto. As filmagens foram duras, houve muitos imprevistos. O que foi mais difícil?
Os dias eram muito quentes, as temperaturas insuportáveis e filmávamos em espaços minúsculos. Depois chegou o inverno e aquela cena no lago, que estava completamente gelado, entre a Baby [Jennifer Grey] e o Johnny [Patrick Swayze]. Foi duro.

Houve também momentos improvisados?
Sim, às vezes os atores estavam apenas a ensaiar, a experimentar, e nós já estávamos a filmar. Contudo, o mais duro foi a dança final. O Patrick, que já tinha lesões antigas, magoou o joelho e disse: “Só vou conseguir fazer isto uma vez. Assegurem-se de que captam tudo com todas as câmaras.” Eu ofereci-me para mudar os passos mas ele não quis.

Fez também coreografias para Michael Jackson. Diga-nos um passo de dança famoso dele que tenha sido o Kenny a inventar.
Ficar quieto [risos]. Não, a sério, os passos dele eram mais famosos do que os meus. Com o Michael focava-me mais na vertente conceptual do que nas coreografias.

E estavam a trabalhar juntos quando ele morreu em 2009.
Íamos fazer filmes juntos, viajar juntos. Íamos fazer uma versão do “Thriller” para cinema,

Lembra-se da última conversa que tiveram os dois?
Ele estava muito satisfeito com o que estávamos a alcançar juntos. Lembro-me que me deu um grande abraço, disse que gostava muito de mim e pediu-me para agradecer à equipa, aos dançarinos. Foi quase uma despedida.

Fonte:   https://nit.pt/coolt/televisao/kenny-ortega-ensinei-michael-jackson-quieto

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